sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Quarta Feira nublada de Primavera.

Seguiu-se o ridículo, o insano e o inacreditável.
Eram pessoas totalmente diferentes, com idades diferentes, com ideias e ideais diferentes, com pensamentos diferentes e inegavelmente iguais. Passaram a maior parte do tempo se negando, andando um ao lado do outro com uma parede invisível entre eles. Burros.
Estava visível a maioria, mesmo que eles deixassem invisível a eles mesmos, e por questões 'morais' (dizia ela) e por questões do 'ridículo' eles simplesmente ignoravam. 
Ela partiu em aventuras de pouca duração e ele, bom, as coisas dele nesse meio tempo ela não fazia ideia. Sumiu então por meses e meses a fio, e o desespero levemente se instalou. - Devo estar louca - pensou. Entrar em parafuso por um mero mortal do sexo masculino, como todos os outros, só porque ele havia 'sumido' do seu meio social era loucura, pelo menos para mim que escrevo isso. 
- Como todos os outros não - me corrigiu - Diferente nos defeitos, e isso basta. 
Diferente nos defeitos que só ela admira, que somente ela consegue ver beleza e que se sente insanamente feliz com isso. O coração dela fora partido de novo, mas isso antes de tudo entre ele e ela acontecer, em secreto e rápido, tão rápido que durou o tempo necessário para que o sumiço do seu defeituoso perfeito se extinguisse. 
Ela o viu de mãos dadas com outra, e ela também estava com outro. 
Se cruzaram, se olharam, desviaram.
Não quiseram parar, pelo menos não para isso, não isso para esse constrangimento adiável. E adiou-se, meses demais até. Até agora.
No entanto, ele diz com seus olhos expressivos e cobertos por uma cortina de cílios e sobrancelhas grossas, de que gosta da presença dela e do jeito como as coisas com elas acontecem todas as manhãs mesmo não estando apaixonado, e ela corresponde calorosamente o mesmo seguindo seu olhar para o horizonte deixando se perder no cheiro que ele tão perfeitamente exala e que ela não cansa de dizer que tanto faz gosto em sentir.
Quando tudo aconteceu foi assim, ridículo como ele tanto pensava. Contra as questões morais, como ela dizia, e contra tudo o que eles tentavam emplacar em uma desculpa esfarrapada com um 'nunca dará certo' no fim das frases. 
Porém deu. E isso ainda está longe de ser uma história de amor, de trocas de frases cheias de suspiros entre cada palavra ou beijos apaixonados. 
Trata-se do querer bem, de querer estar perto um do outro, ou mais do que isso, trata-se deles somente se quererem. 
Sem exigências, sem cobranças, sem compromisso. 
Pois é incrível, insano e ridículo. E da forma mais simples, acreditável.


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